O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Como ser feliz num contexto secular?

felicidade vida filosofiaUm amigo filósofo postou uma pergunta essencial em uma rede social que gerou comentários interessantes. Nós demos a nossa contribuição à discussão e achamos que valia a pena compartilha-la aqui em nosso blog.

Questão:

Fico pensando…

Realmente estar nesta vida aqui e encarar os desafios e problemas como degraus numa jornada de evolução pessoal sobre reencarnações dá um sentido para tudo.

Crer que depois dos sofrimentos da vida iremos descansar pela eternidade no céu ao lado de Cristo também.

Pensar que o paraíso de Alah nos espera após a morte com um harém de virgens então…

Mas como é encarar o acaso, os problemas, os azares, as tragédias, o sofrimento sem essas perspectivas metafísicas? Como lidar com tudo abrindo mão do conforto de buscar um significado transcendental, aceitando o caos e a aleatoriedade da natureza, admitindo que não há “o justo”, “o acerto de contas”? Como viver sem precisar de crenças, fé, religiões, apenas considerando os fatos e os poucos conhecimentos indubitáveis que o homem tem?

Resposta:

Você tocou na questão. A partir do momento em que rompemos com os “apoios” metafísicos, entramos num caminho que pode variar de estimulante à perigoso.

Estimulante se você encarar a vida como uma “benção” (no sentido – ironicamente – secular), um sorteio improvável que você ganhou. Portanto, enquanto estiver por aqui, tem toda a motivação para fazer dessa experiência única a melhor possível, cercada do amor da família e amigos, construindo o seu legado de conquistas pessoais e coletivas, e de influências positivas na vida dos outros (versão secular da reencarnação ou perpetuação?)

Perigoso, se você entrar no caminho do “nada faz sentido”. Inclusive, do ponto de vista evolucionista, não há evidência de que viemos ao mundo para sermos felizes, chavão repetido por aí. Talvez apenas o mínimo para querermos seguir em frente. Viemos ao mundo para… viver e procriar, e evoluímos para nos tornarmos espertos nessa arte – veja os outros animais. Mas nem vamos entrar a fundo por aí. Até porque, esse mesmo processo evolucionista nos fez também seres (relativamente) inteligentes e portanto podemos, até certo ponto (nossa química e experiências permitindo) escolhermos ser felizes.

Religião e crenças metafísicas não são o único caminho para encontrar sentido e felicidade. Por exemplo, dedicação à arte, meditação, yoga, esportes etc podem não só te preparar para enfrentar melhor os baques da vida, quanto te fazer mais feliz no dia a dia. São praticas que te fortalecem, acalmam, reerguem. Seguir um código de ética e conduta que faça sentido para você (ex: compaixão, empatia, se cercar de pessoas que te façam bem, exercer com afinco o conceito de “gratidão”) também é algo que direciona. Mas, sem dúvida, o caminho secular requer trabalho, experimentação, refinamento, prática. A religião de certa forma pode ser vista como um atalho, pois te apresenta um pacote fechado e um caminho claro do que é “certo” e “errado”, do que te trará a felicidade – nesta ou noutra vida.

Construir o próprio caminho talvez seja mais difícil, mas de muitas maneiras mais gratificante. Bola para frente!

E vocês leitores, o que acham? Fiquem à vontade para comentar, mantendo sempre o respeito pelas opiniões alheias, claro. 

 

3 comentários em “Como ser feliz num contexto secular?

  1. Marcos Aurélio da Silva
    24 de novembro de 2017

    O que não se deve fazer, independente da escolha que se faça, é deixar de cultivar a tolerância. Lembremos que em nome de religiões tem-se praticado muitos males.

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  2. Marcia Reijanne Oliveira Ramos
    13 de novembro de 2017

    Refletir sobre a vida é sempre bom, buscar novas possibilidades de vivências, para alcançar a paz é melhor ainda.

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