O Meio e o Si

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Crítica a Leandro Karnal: religião e sociedade

leandro karnal

Uma amiga, leitora deste blog, pediu minha opinião sobre as palestras do filósofo e historiador Leandro Karnal, no YouTube. Segundo ela, Dr. Leandro teria visão bastante equilibrada sobre o tema da religião, que abordo com frequência. Segui a sugestão e assisti a dois de seus vídeos: Confrontos Religiosos e Temor e Tremor.

Antes de qualquer coisa, faço questão de exaltar a qualidade das apresentações. Realmente, Dr. Leandro possui erudição ímpar, além de ser um orador fantástico. Articula suas ideias de maneira impecável, com intermináveis referências históricas e filosóficas, além de possuir agradável senso de humor. Aprendi bastante com suas palestras e fiquei com vontade de ver mais.

Tendo dito isso tudo, Dr. Leandro tem ao menos cinco posições das quais discordo:

  1. Nenhuma religião é inerentemente mais nociva que as outras

Dr. Leandro adota a postura muito comum e politicamente correta de nivelar todas as religiões. Por exemplo, diz coisas como “toda religião não é inerentemente nem pacífica nem violenta, depende da interpretação” ou “todo fundamentalismo é semelhante”. A meu ver, trata-se mais de um esforço em não ofender ninguém do que uma análise objetiva.

Não vamos tapar o sol com a peneira: algumas religiões são sim inerentemente mais violentas que outras. Não é possível compararmos, por exemplo, as três grandes religiões monoteístas com o budismo ou o jainismo indiano. Os textos judaico, cristão e muçulmano estão repletos (embora não exclusivamente) de violência e intolerância, enquanto que os budistas e os jainistas são inequivocamente pacíficos e pregam a harmonia e a compaixão. Conforme exemplo clássico dado pelo o neurocientista Sam Harris, a última pessoa com a qual precisaríamos nos preocupar seria um “fundamentalista jainista”. A interpretação literal de suas escrituras o faria passar a maior parte do tempo meditando, praticando compaixão, e tendo o cuidado para não maltratar uma formiga sequer.

Dr. Leandro vai adiante e diz que, assim como há fundamentalistas islâmicos, temos o caso de monges budistas que cometem violência, como se fossem problemas de natureza e escala comparáveis. Trata-se de uma comparação absurda. Além da “violência budista” ocorrer com muito menos frequência, a prática budista de forma alguma dá espaço para esse tipo de conduta. Muito pelo contrário. Se algum budista comete ato de violência, não o está fazendo por ser budista, mas sim apesar de sê-lo. Está indo contra os ensinamentos. Por outro lado, fundamentalistas islâmicos – ou, no passado, inquisidores católicos – cometem atrocidades porque as escrituras sagradas oferecem justificativa para tal.

  1. Devemos contextualizar práticas consideradas opressivas

Dr. Leandro utiliza de relativismo cultural como justificativa para aceitarmos o tratamento das mulheres no mundo islâmico. Fiquei inclusive chocado com a romantização dessa questão, que considerei no mínimo naïve.  O professor diz, por exemplo, que o uso da burca causa estranheza entre nós, assim como o uso do Botox entre mulheres ocidentais deve causar estranheza no oriente. Sugere inclusive que a burca possa ser vista como vestimenta “sexy” naquele contexto e que devemos aceitar nossas diferenças culturais.

No entanto, ele ignora uma questão fundamental: as mulheres ocidentais têm a opção de não usar Botox caso não queiram! Como sabemos, isso nem sempre é verdade no caso da burca. E, na realidade, esta é apenas a ponta do iceberg.

Será que devemos aceitar também a mutilação genital feminina? Os casamentos forçados de meninas de dez ou doze anos de idade, muitas vezes com maridos abusivos? A semiescravidão vivida por tantas mulheres, que até para sair de casa precisam da companhia de um homem? A proibição que algumas mulheres sofrem ao direito de estudar? Dr. Leandro conhece o sofrimento e ativismo de mulheres como Malala Yousafzai e a somaliana Ayaan Hirsi Magan, que ele próprio cita em uma de suas palestras, e por isso fiquei surpreso com sua posição.

Como desenvolvo em outro post, em pleno século XXI, certos direitos humanos devem se tornar universais. Caso contrário, até grupos como o Estado Islâmico ou Boko Haram sempre encontrarão justificativa “cultural” para suas atrocidades. Embora concorde que haja uma linha tênue entre o respeito por práticas socioculturais e influências de valores externos, devemos, como sociedade global, discutir onde estabelecemos limites.

  1. Regimes ateus

Dr. Leandro afirma também que, na história, tantas atrocidades foram cometidas por “regimes ateus” quanto em nome da religião. Previsivelmente, citou os casos de Stalin na União Soviética e Mao na China. No entanto, existem duas falhas nesse argumento.

Primeiro, ateísmo não é doutrina, não é norteador, muito menos regime. Ateísmo, por definição, “não é”. A-teu, quer dizer “não-(negação a)-Deus”, não oferecendo nenhuma idéia de como ser. Não existe um manifesto ateu, uma bíblia atéia, um código de conduta. Ou seja, nada que Stalin ou Mao tenham feito foi em nome do ateísmo. Seus regimes foram principalmente movimentos políticos de conquista e manutenção de poder.

Segundo, ironicamente, Stalinismo e Maoísmo tinham todas as características de religiões. Assim como hoje na Coréia do Norte, foram regimes apoiados em dogma e doutrina, onde a figura do ditador é literalmente a de um deus. Na Coréia do Norte, por exemplo, espalham-se estórias como a de que o Líder não urina ou defeca, que é imortal, ou seja, assume uma figura sobre-humana, típica de idolatria, de culto. Esses regimes se denominam ateus justamente porque querem o monopólio da idolatria; não querem competir com outros deuses.

Idealmente, um regime ateu nada mais seria que um estado laico, onde religião simplesmente não fizesse parte da discussão. Cada um teria a liberdade de crer ou não crer no que quisesse, sem que isso influenciasse política ou governo.

  1. Religiosidade, educação, desenvolvimento

Dr. Leandro fez duas colocações relacionadas que me surpreenderam. Primeiro, que não existe correlação entre nível de educação e religiosidade. Segundo, que não há evidência que o mundo hoje seja menos religioso que há 200 anos.

Existem inúmeros estudos mostrando correlação negativa entre nível de escolaridade e religiosidade, principalmente no ocidente. Por exemplo, a proporção de ateus e agnósticos é tipicamente maior entre mestres e doutores comparado com bacharéis; a distância é maior ainda entre bacharéis e pessoas com formação primária, e assim por diante. Em nível nacional, basta ver a lista dos países mais seculares e dos mais religiosos para a relação desenvolvimento/educação e secularismo tornar-se evidente (fonte: Huffington Post/Gallup). Mais seculares: Japão, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Austrália, Inglaterra. Mais religiosos: Gana, Nigéria, Iraque, Romênia, Quênia, Macedônia, Brasil. Embora a causalidade possa ser discutida, a correlação é clara.

Quanto ao mundo de 200 anos atrás em relação ao de hoje, vale lembrar que estamos comparando uma era pré-Darwin com uma pós-Darwin. Antes da teoria da evolução das espécies por seleção natural, no final do século XIX, ninguém em sã consciência não era religioso. Eram muitas perguntas sem respostas. Mas Darwin foi um divisor de águas, e o mundo de hoje é sem sombra de dúvidas mais secular do que o mundo de dois séculos atrás.

Diversas pesquisas, inclusive uma recente do respeitadíssimo Pew Research (2015), mostram quantidade crescente de ateus e agnósticos ao longo das últimas décadas, principalmente nas sociedades ocidentais. Os millennials, jovens que cresceram com a internet e acesso irrestrito à informação, são a geração mais secular que já houve.

  1. Ciência e religião são compatíveis

Dr. Leandro é dos que crê que ciência e religião sejam compatíveis. Acredito que, dentro de um contexto intelectualmente honesto, não o sejam. A ciência, por definição, busca a verdade, os fatos, a prova de hipóteses através da evidência, do empirismo. Promove contestação, investigação, acolhe o erro. A religião, por sua vez, se baseia em dogma, em verdades absolutas e incontestáveis. É impossível conciliar, por exemplo, a história de Adão e Eva com a teoria da evolução das espécies. Qualquer tentativa de fazê-lo logo se revela apelativa e irracional.

Um argumento aceito por alguns é o de que a religião preenche os espaços deixados pela ciência. Mas essa relação é um vínculo artificial, desenvolvido pela exclusão, e em constante enfraquecimento de acordo com novas descobertas científicas e amadurecimento filosófico. Embora provavelmente sempre tenhamos questões não respondidas pela ciência, uma postura verdadeiramente compatível seria a de admitir nossa ignorância quanto aos mistérios vigentes. Nos apegar ao sobrenatural e a estórias milenares infundadas não torna o vínculo entre religião e ciência compatível.

Naturalmente, os pontos acima são parte de uma discussão fértil e subjetiva, onde ninguém está necessariamente certo ou errado. Reafirmo minha admiração pelo Dr. Leandro e estou aberto ao diálogo com ele e com os leitores.

Veja também Religião, Ética e Moral. Fotografia: lisandronogueira.com.br

 

 

173 comentários em “Crítica a Leandro Karnal: religião e sociedade

  1. Lorena
    16 de junho de 2016

    Nem sabia que ele é filósofo.Pensei que fosse historiador. Eu não consigo acreditar nesse cara.Não me impressiona, não me convence, não me motiva.Causa-me certo incômodo agora o que antes, era só curiosidade pra entender o porquê de tantas postagens sobre ele. Num dos vídeos que mais me fez não gostar dele, sua fala criticava um aluno por querer opinar sobre Kant. Não ia querer NUNCA um professor de História assim: imaturo e vaidoso.
    Por isso vim aqui e achei suas palavras super respeitosas!Um dia eu aprendo!

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    • omeioeosi
      22 de junho de 2016

      Obrigado! Abs!

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    • Ricardo Costa
      3 de julho de 2016

      Olá Lorena. Acho que um dos argumentos que você mencionou está errado. Em palestra que assisti, quando Karnal cita o aluno critico a Kant, ele menciona claramente o fato do aluno questionar, sem ler o conteúdo, apenas algumas páginas. Tive como trabalho universitário ler o Capital de Marx, volume 1, imagine minha opinião após 50 páginas … No entanto, só a expressei após ler tudo, por mais tedioso que foi em diversos momentos. Enfim, entendo que Karnal, expressou nesse exemplo o momento atual, onde se critica o livro, não por sua capa, mas por sua introdução, disponível na internet, o que não é plausível. Essa é minha opinião.

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  2. Bóris Bonfanti
    1 de junho de 2016

    Excelente texto. Não por achar que vc esteja certo ou errado, mas por expor suas opiniões com respeito e clareza. Textos assim me ajudam a pensar. Num momento no país onde muitas pessoas estão formando um polarização, é dignificante achar um texto assim. Abraço!!

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  3. Andreia
    9 de março de 2016

    Quanto a Religião e Ciência serem compatíveis, eu diria que Fé e Ciência são compatíveis. Isaac Newton acreditava que suas descobertas eram manifestações da Inteligência Divina. Concordo também com a análise sobre o tratamento opressivo dado às mulheres sob justificativa religiosa em alguns lugares do mundo. De todo modo, sou fã de Leandro Karnal. É disso que precisamos, de pessoas que levem à reflexão e ao debate de nível elevado. Para mim é um deleite ouvir o professor Karnal, como também foi a leitura desse texto.

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    • omeioeosi
      11 de março de 2016

      Newton veio antes de Darwin. Num mundo pós-Darwin, apostaria no ateísmo de Newton. Obrigado pela opinião. Abs!

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      • Junior Chaves
        16 de março de 2016

        Sou pós-darwiniano e nem por isso ateu. Darwin em nenhum momento negou a existência de Deus.

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      • omeioeosi
        1 de abril de 2016

        Se Darwin tivesse nascido umas décadas depois de… Darwin, acredito que seria. 🙂 Mas daí é especulação! Abs.

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    • Joeduardo10
      26 de março de 2016

      Interesante esta exposición del profesor..?.- no conozco su nombre, profesor X le llamaré). Si bien el profesor Leandro Karnal es un hombre de un pensamiento preclaro, que hace del pensar y reflexionar un autentico ejercicio para el deleite social de sus alumnos y escuchas-entre los cuales me inscribo- en este caso concuerdo con las replicas que en el articulo le hace a algunos de sus pensamientos el profesor X. Seguir escuchando a L. Karnal y leyendo al profesor (X) es sin embargo, la verdadera ganancia que se puede sacar de este ‘mano a mano’. Un abrazo desde Barrancabermeja, Colombia…

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    • Matheus
      6 de maio de 2016

      Só um adendo, se me permitem, o método cientifico é cético, mas o cientista pode ter sua fé e religiosidade naquilo em que trabalha.

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  4. Beatriz Cláudia Jucksch Costa
    8 de março de 2016

    Muito bom e interessante este debate!
    Também concordo com grande parte de seus textos acima, parabéns!

    De qualquer maneira, também sou fã de Leandro Karnal e concordo com a muitas de suas colocações como por exemplo, que a ciência e espiritualidade podem caminhar juntas, pois são duas faces de uma mesma verdade.
    O que tenho a acrescentar, é que na consciência limitada em que vivemos, estamos longe de ter a noção exata do que significa ter espiritualidade, pois se trata de uma experiência unicamente interna.
    A ciência somente se aplica no nível materialista da realidade. A razão nunca poderá se estender aos níveis superiores da consciência.
    Quando Nietzsche proclamou que Deus estava morto, ele se referia à visão ingênua de um Deus pessoal, dualista e cristão.
    Deus vive eternamente como causa descendente em um papel que se mostraria satisfatório tanto para cientistas como para religiosos.
    A verdadeira fé não se alcança através de religiões ou misticismo ingênuo, mas de uma realidade que se torna inquestionável quando alcançada.
    Sem uma profunda mudança de consciência, estamos longe de conhecer esta verdade.
    O único caminho possível, é através do autoconhecimento, um caminho árduo e solitário, mas ao mesmo tempo, o único que nos liberta de nossa consciência adormecida, nos tornando espíritos livres.
    Recomendo um livro excepcional: “A filosofia da liberdade de Rudolf Steiner.”
    Para complementar, “Deus nãos está morto” de Amit Goswami.

    Grande abraço!

    Enviado do meu iPad

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    • omeioeosi
      11 de março de 2016

      Obrigado e volte sempre!

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    • Isabel Viso (@IsabelViso)
      19 de março de 2016

      Beatriz Cláudia Jucksch Costa – Seu comentário é perfeito. Faço minhas suas palavras.

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      • omeioeosi
        1 de abril de 2016

        Obrigado! Abs.

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      • Beatriz Cláudia Jucksch Costa
        6 de abril de 2016

        Agradeço, Isabel Viso!
        Com certeza falamos a mesma língua, que a verdade está dentro de nós!
        Falo por experiência própria.

        Grande abraço!
        Beatriz Cláudia

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  5. Victor Diniz
    7 de março de 2016

    conhecimentos produzidos e fixados como História da humanidade, eu apontaria que suas críticas esbarram mas não abalam o discurso do Historiador em questão. E se há críticas é porque houve envolvimento e insatisfação, e isso é ótimo para conhecermos.
    O que não quero fazer e se fizer de antemão peço desculpas, ou seja, não quero ter a verdade para dizer se está certo ou errado. Meu intento é tentar mostrar que as suas críticas pontuais em relação aos vídeos citados por você do prof Karnal tem um valor de vista centrado em determinadas ideias: Anacronismo e cientificismo.
    A história e a filosofia atualmente tentam operar seus diálogos e discursos sobre estas ideias e não a partir delas. Seria como “Pensar fora da caixa”. Devido a isto surgem as vezes certas situações polêmicas causadas por estes pesquisadores que ousam pensar fora do seu tempo, e que por serem justamente polêmicos, seus discursos, provocam críticas. Um conhecimento que não provoque críticas é só um conhecimento do tipo “pedra é igual pedra”. Quer dizer, todos concordam, e se todos concordam não tem o porque de falar. Todo discurso intelectual sério tende a causar polêmicas sinceras, fazer pensarmos sobre o que nunca ou quase nunca foi posto. Por isso acredito que suas críticas surgiram dessas pesquisas sérias que provocam a gente pensar e questionar. É apenas uma informação, as definições das quais usou tem um período que surgiram, e tem os motivos pelos quais essas definições surgiram, a que chamamos de “conceitos”.
    O exemplo utilizado do Botox em relação a Burca está realmente inclinado ao nosso conceito de liberdade a que você se utilizou para realizar a crítica. No entanto, como o próprio Karnal alerta, devemos respeitar as culturas. Isso é um jogo de pensamento que nos coloca também na própria situação de usurpador e nem sempre de libertador das outras culturas. O mais importante é pensarmos sobre a nossa própria cultura. Realmente nos incomodam ver certas culturas das quais seriam incabíveis para a nossa cultura. Um dos problemas sobre nossa compaixão que padece pela outra cultura pode nos fazer esquecer que a nossa própria cultura usa de violência para coibir a violência de outras culturas. Muitas dessas mulheres não escolhem usar burca, mas crescem em meio de mulheres que usam a burca, são ensinadas moralmente sobre o significado desta vestimenta. Quantos de nossos comportamentos também surgem nestes mesmos processos e muitas das vezes temos a ilusão de que nós que escolhemos? Bom, o que Karnal faz quando usa as discrepancias de outras culturas é para podermos pensar fora da caixa. Porque seria a nossa cultura a melhor possível? E assim, todas que não exaurirem as maravilhas conquistadas pela nossa cultura devem ser adaptadas a ela? Qual legitimidade possuem as nações para sobrepor as outras? Discurso da ética? Da liberdade? Será que somos mesmos éticos e livres ao ponto de dizer que as outras culturas devam seguir certos princípios que são inquestionáveis por nós? E justamente porque não questionamos é sinal de que é certo? Realmente pensar nessas questões traz a tona a crueldade da nossa condição humana, aqui e em qualquer lugar do planeta. Será que as mulheres começarem a escolher usar ou não as burcas seriam uma conquista de liberdade? Será que as mulheres do ocidente são livres porque podem escolher usar ou não botox?
    Provavelmente Karnal tem consciência das suas críticas, mas o objetivo penso eu, está na relação de nós mesmos com os outros. Ao citar estados ateus que massacraram milhares de pessoas, o que está em jogo é que a condição humana não necessita da religião para matar, sendo que precise apenas de algum ideal que fomente a barbárie, ou seja, não é porque é cristão ou porque é ateu que faz as pessoas serem boas ou más. Ademais, todas culturas possuem suas religiões, o que Karnal dá margem para pensar é sobre uma enorme quantidade de ateus que criticam e não toleram as religiões por conhecimento histórico fragmentado. Seria mais ou menos assim que uma história fragmentada pode produzir em nós: incompreensões e intolerâncias. A isto, ele discorre e escrevo com minhas palavras: o que mais se comenta são as atrocidades de estados com religiões oficias, sendo que o stalinismo não tendo uma religião oficial, o que não exclui que os habitantes possuam alguma religião, também cometeram barbaridades sobre seus próprios habitantes. O que quero dizer, é, que, as suas críticas não vão ao cerne da questão que Karnal sempre busca tratar nas suas palestras: a relação de nós e com os outros. Mas são críticas de conhecimento sem dúvida.
    Abraços.

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  6. Victor Diniz
    7 de março de 2016

    Primeiro: Suas críticas são pertinentes. Segundo: As suas críticas mereciam uma ligação com conhecimentos da área da historia do pensamento e da filosofia, o que não é fácil de se ter. Talvez levaria uma vida e ainda seria pouco. Mas dentro da possibilidade humana de conhecer enquanto vivo o acumulo dos conhecimentos produzidos e fixados como História da humanidade, eu apontaria que suas críticas esbarram mas não abalam o discurso do Historiador em questão. E se há críticas é porque houve envolvimento e insatisfação, e isso é ótimo para conhecermos.
    O que não quero fazer e se fizer de antemão peço desculpas, ou seja, não quero ter a verdade para dizer se está certo ou errado. Meu intento é tentar mostrar que as suas críticas pontuais em relação aos vídeos citados por você do prof Karnal tem um valor de vista centrado em determinadas ideias: Anacronismo e cientificismo.
    A história e a filosofia atualmente tentam operar seus diálogos e discursos sobre estas ideias e não a partir delas. Seria como “Pensar fora da caixa”. Devido a isto surgem as vezes certas situações polêmicas causadas por estes pesquisadores que ousam pensar fora do seu tempo, e que por serem justamente polêmicos, seus discursos, provocam críticas. Um conhecimento que não provoque críticas é só um conhecimento do tipo “pedra é igual pedra”. Quer dizer, todos concordam, e se todos concordam não tem o porque de falar. Todo discurso intelectual sério tende a causar polêmicas sinceras, fazer pensarmos sobre o que nunca ou quase nunca foi posto. Por isso acredito que suas críticas surgiram dessas pesquisas sérias que provocam a gente pensar e questionar. É apenas uma informação, as definições das quais usou tem um período que surgiram, e tem os motivos pelos quais essas definições surgiram, a que chamamos de “conceitos”.
    O exemplo utilizado do Botox em relação a Burca está realmente inclinado ao nosso conceito de liberdade a que você se utilizou para realizar a crítica. No entanto, como o próprio Karnal alerta, devemos respeitar as culturas. Isso é um jogo de pensamento que nos coloca também na própria situação de usurpador e nem sempre de libertador das outras culturas. O mais importante é pensarmos sobre a nossa própria cultura. Realmente nos incomodam ver certas culturas das quais seriam incabíveis para a nossa cultura. Um dos problemas sobre nossa compaixão que padece pela outra cultura pode nos fazer esquecer que a nossa própria cultura usa de violência para coibir a violência de outras culturas. Muitas dessas mulheres não escolhem usar burca, mas crescem em meio de mulheres que usam a burca, são ensinadas moralmente sobre o significado desta vestimenta. Quantos de nossos comportamentos também surgem nestes mesmos processos e muitas das vezes temos a ilusão de que nós que escolhemos? Bom, o que Karnal faz quando usa as discrepancias de outras culturas é para podermos pensar fora da caixa. Porque seria a nossa cultura a melhor possível? E assim, todas que não exaurirem as maravilhas conquistadas pela nossa cultura devem ser adaptadas a ela? Qual legitimidade possuem as nações para sobrepor as outras? Discurso da ética? Da liberdade? Será que somos mesmos éticos e livres ao ponto de dizer que as outras culturas devam seguir certos princípios que são inquestionáveis por nós? E justamente porque não questionamos é sinal de que é certo? Realmente pensar nessas questões traz a tona a crueldade da nossa condição humana, aqui e em qualquer lugar do planeta. Será que as mulheres começarem a escolher usar ou não as burcas seriam uma conquista de liberdade? Será que as mulheres do ocidente são livres porque podem escolher usar ou não botox?
    Provavelmente Karnal tem consciência das suas críticas, mas o objetivo penso eu, está na relação de nós mesmos com os outros. Ao citar estados ateus que massacraram milhares de pessoas, o que está em jogo é que a condição humana não necessita da religião para matar, sendo que precise apenas de algum ideal que fomente a barbárie, ou seja, não é porque é cristão ou porque é ateu que faz as pessoas serem boas ou más. Ademais, todas culturas possuem suas religiões, o que Karnal dá margem para pensar é sobre uma enorme quantidade de ateus que criticam e não toleram as religiões por conhecimento histórico fragmentado. Seria mais ou menos assim que uma história fragmentada pode produzir em nós: incompreensões e intolerâncias. A isto, ele discorre e escrevo com minhas palavras: o que mais se comenta são as atrocidades de estados com religiões oficias, sendo que o stalinismo não tendo uma religião oficial, o que não exclui que os habitantes possuam alguma religião, também cometeram barbaridades sobre seus próprios habitantes. O que quero dizer, é, que, as suas críticas não vão ao cerne da questão que Karnal sempre busca tratar nas suas palestras: a relação de nós e com os outros. Mas são críticas de conhecimento sem dúvida.
    Abraços.

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  7. Nean
    2 de março de 2016

    Parabéns pelo debate de altíssimo nível, como não poderia deixar de ser.
    Estudando o Espiritismo, codificado por Allan Kardec, que classificou o Espiritismo como Doutrina Filosófica e Cientifica, com consequências religiosas – inclusive durante as suas reuniões de estudos, participavam religiosos de diversas correntes – encontrei respostas, que esclarecem muito bem, do meu ponto vista, as questões abordados tanto pelo Prof. Karnal, quanto por você. Parabéns, mais uma vez.

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  8. PeterH
    19 de fevereiro de 2016

    Eu quero comentar a seguinte passagem do texto:

    Dr. Leandro é dos que crê que ciência e religião sejam compatíveis, é dos que crê que ciência e religião sejam compatíveis. Acredito que, dentro de um contexto intelectualmente honesto, não o sejam. A ciência, por definição, busca a verdade, os fatos, a prova de hipóteses através da evidência, do empirismo. Promove contestação, investigação, acolhe o erro.

    Aqui vem o meu comentário ligado a primeira e segunda frase desse texto:

    Ambos, a ciência e as religiões, não conseguem buscar a verdade no sentido dos filósofos gregos Pitágoras, Sócrates, Platão e Parmênides. Esses “grandes pensadores” fazem uma distinção honesta entre o “caminho das opiniões” e o “caminho (a procura) da verdade”. O primeiro inclui a ciência e as religiões e o segundo não tem nada de ver com elas.

    As duas frases da passagem indicam, que a abordagem do autor pertence ao “caminho de opiniões” e assim a conclusão dele é totalmente irrelevante para buscar a verdade. E só uma opinião, nada mas! Tem nada de ver com o “caminho (a procura) da verdade” dos filósofos gregos Pitágoras, Sócrates, etc, que eu quero indicar no seguinte.

    Agora eu comento o terceiro e o quarto frase.

    Pode-se definir a ciência como uma busca da verdade. Mas o que significa isso? Nada, porque essa busca, que muitos chamam honesto, racional ou logico, também se baseia em hipóteses (dogmas, axiomas), aos quais é preciso acreditar. Neste sentido a ciência e as religiões são compatíveis. Nao fornecem a verdade no sentido dos citados pensadores gregos, que sabiam seguir o “caminho (a procura) da verdade”.

    Perguntamos: Quem pode provar que existe Deus? A resposta é: Ninguém, que segue o “caminho das opiniões”! Os citados pensadores gregos provaram portanto com o “caminho (a procura) da verdade” que Deus nao existe! Perguntamos: Quem pode provar que 1 + 1 = 2? A resposta é: Ninguém. É necessário acreditar na igualidade dos dois lados da equação.

    Em outras palavras, cientistas também têm que acreditar como os religiosos no que eles buscam e descobrem na base das hipóteses (dogmas cientificas, axiomas improváveis). Tudo que a ciência procura é dirigido por elas. Não pode desviar das hipóteses, quais tem que ser corrigidas iterativamente para aproximar empiricamente a “verdade hipótetica”.

    A verdade é diferente com as religiões, mas nao tanto. Tudo que as religiões ensinam é dirigido pelas dogmas consideradas “eternas e inquestionaveis”. Na practica essas dogmas de fato eram durante os seculos tambem continuamente reinterpretadas e adaptadas ao “desenvolvimento” das comunidades religiosas. Podemos resumir que ambas, as religiões como a ciência, são baseadas em dogmas (hipóteses, axiomas) improvaveis e flexiveis.

    A conclusão é consequentemente:

    A busca ciêntifica pertence também, como o ensino religioso, ao caminho de opiniões. Como os religiosos, os ciêntistas tem que ter fê em que eles pesquisam. Tudo provado empiricamente por eles não pode desviar das dogmas (condições inicias). Como a religião, a ciência é tambem ambivalente. As duas servem e não servem os seres humanos.

    As guerras modernas, que matam muita gente, e o aquecimento global, que pode matar ainda mais gente no futuro, podem ser considerados como resultados do limitado “pensamento científico” e/ou da incerta “fê religiosa“.

    Esta conclusão resulta nas questãos importantes:

    Qual é o caminho da verdade dos filósofos gregos Pitágoras, Sócrates, Platão e Parmênides? Existe uma maneira de buscar e possivelmente achar a “verdade absoluta” sem dogmas (hipóteses) nenhumas? Aqui vem a resposta:

    Existe um caminho bem fora das religiões e da ciência, que necessitam dogmas (hipóteses). É um caminho sem metódo, que eu aprendi com a ajuda de um Tao-mestre chines. Descrevo a minha experiencia com esse caminho no THE SOCRATES CODE (Lotus Press). É aí que eu forneço uma reinterpretação rigorosa da palavra “philosophia”, que é incorretamente traduzido como “amor à sabedoria”. https://www.youtube.com/watch?v=GWfyg5OGDts

    Com “amor à sabedoria” e impossivel seguir o caminho da verdade, que a “philosophia” antigamente possibilitava. Sustento que essa philosophía original, a incompreendida “mãe da filosofia moderna”, necessitava a melete thanatou (a prática do morrer, ou do estar morrendo), sobre o qual Platão escreve: “Aqueles que conseguem compreender corretamente a philosophia correm o risco de não serem mais reconhecidos pelos outros, porque ela não é nada além do “praticando o morrer e o estar morto” (Phaidon 64ª).

    Tal prática oferece o caminho de verdade. É o caminho classico de retorno ao extrasensorial concebido como natureza não-condicionada (sem hipóteses). É a natureza, que os mestres da philosophía chamam phýsis. É a natureza muito mais profunda que a natureza investigada no caminho de opiniões.

    Mostro no THE SOCRATES CODE que o vocabulário oferecido pela tradição Platônico-Pitagórica (que possui termos tais como: philosophía, astronomía, átomos, kósmos, geometría, idéia, planétes, práxis, psyché, mousiké, sympósion, theoría, e etc) não tem nada a ver, em significado, com o que tem sido chamado, desde o século VI, de palavras emprestadas (importadas), a saber: filosofia, astronomia, átomo, cosmos, e etc. Estas últimas palavras estão confinadas ao mundo sensorial, enquanto as primeiras se referem ao cosmos (mundo) extrasensorial.

    CONCLUSÃO FUNDAMENTAL

    Todo raciocino e julgamento no mundo sensorial oferece nada mais que uma opinião, que pode ser questionado e criticado. Isso não aplica para tudo que é percebido no mundo extrasensorial, que pode ser verdadeiramente verificado pelos praticantes, que conseguem “morrer” e assim compreendem corretamente a philosophia como BUSCA ÚNICA para verdade.

    Essa philosophia, essa “ciência antiga espiritual” perdido no mundo ocidental, oferece o CAMINHO ÚNICO para perceber a verdade no sentido dos mestres gregos!!!! É a VERDADE ÚNICA, que fornece respostas aos questões básicas e fundamentais da vida, como as perguntas colocadas neste blog. São respostas que os não-praticantes, com os sensos ordinarios, tem que acreditar, mas os praticantes não podem questionar e criticar, porque percebem as respostas com os seus sensos extraordinarios.

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    • omeioeosi
      24 de fevereiro de 2016

      Obrigado pelo detalhadíssimo comentário! Abs.

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    • Roberto Corrêa de Andrade
      26 de fevereiro de 2016

      Em 1917, ano da Revolução Russa, na aparição da Virgem em Fátima, essa pediu para que o Papa e seus os bispos fizessem a consagração da Rússia, ao seu Imaculado Coração, para que “a Russia não espalhasse seus erros pelo mundo”…
      Como conseqüência da desobediência a esse pedido, o Comunismo se espalhou pelo mundo e em menos de um século, dizimou mais de 100 milhões de seres humanos. E uma correção: nesses países não é como você disse:”acredita quem quer…” Lá o ateísmo é militande, como do sr. Karnal e as religiões proibidas, inclusive com perseguição
      Os inquisidores, assim como supostamente os budistas que praticariam violência, não seguiram a doutrina de Cristo. porque se a seguissem, não fariam o que fizeram (e é bom se informar mais sobre a inquisição protestante, bem pior que a católica do jeito que foi divulgada ao mundo, especificamente por um protestante.
      O Japão, budista-xintoista foi protagonista de um dos maiores massacres da humanidade.
      Os EUA fundado por protestantes e atualmente com maioria católica (“Em Deus nós confiamos” ) é o país mais desenvolvido e rico do planeta.
      Inúmeros cientistas ( http://hereditarios.livreforum.com/t5-religiao-atras-da-civilizacao ) eram todos religiosos.
      “A a idéia de um mundo ordenado, racional — indispensável para o progresso da ciência — está ausente nas civilizações pagãs.
      Árabes, babilônios, chineses, egípcios, gregos, indianos e maias não geraram a ciência, porque não acreditavam num Deus transcendente que ordenou a criação com leis físicas coerentes.”
      Em quê os países budistas contribuiram para a base Ciência que nos influencia hoje?
      Qual sistema operacional usado hoje, quais marcas de produtos que usamos cotidianamente foram inventados por budistas ou comunistas?
      Gostaria de saber como o o THE SOCRATES CODE, O CAMINHO ÚNICO, A VERDADE ÚNICA e o Sr. Karnal explicaria o ocorrido em Fátima?

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    • sandra
      26 de fevereiro de 2016

      nossa que comentario gigante, parece que pegou carona na fama do professor

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      • Lourenço de Oliveira
        11 de junho de 2016

        Sandra, considero seu comentário contraprodutivo, mas é compreensível a sua atitude. Talvez seja, apenas, uma sincericida imatura para assuntos mais profundos e de difícil compreensão. Também ainda me encontro na infantilidade do aprendizado, por isso não resisti…

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      • Lourenço de Oliveira
        11 de junho de 2016

        …complicado avaliar seu comentário, Sandra.

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  9. Eugenio Arima
    18 de fevereiro de 2016

    Prezados,

    É estimulante que a discussão esteja presente, condição sine qua non para alcançar o esclarecimento.

    Com o propósito de colaborar, gostaria de colocar um ponto que incomodou-me particularmente, a concepção de que certos direitos humanos deveriam ser universais.

    Caberia esclarecer quais direitos humanos são estes e, se isto não é uma visão ocidentalizante em oposição a visões distintas cultivadas em outros países.

    Universalidade, uma pretensão europeia do século XVII, fundamentalmente eurocentrica, foi lançada sob a égide de Direito Universal.

    Logo, quem arrogou o direito de submeter outros países e culturas, escoradas na particular concepção de direito dos países ocidentais? Por conta desta suposta superioridade, há o direito de impor nossas supostas virtudes a outrem?

    Se dermos o direito de opção, basta saber se querem optar pela mudança. Caso não queiram, temos o direito de julgar seus comportamentos? Se assim o fizermos, não nos tornaremos opressores?

    Poderíamos pensar porque permitimos carros se os empregamos para matar. Esta conclusão seria lógica numa vila perdida nas montanhas. Tal pensamento, lógico, válido sob a ótica da preservação da vida, faria sentido para nós outros?

    Talvez venham a responder que se trata justamente de ter opção. E eis aí o ponto. Há quem opte pela adoção e submissão a Sharia. O problema é estender aos outros a obrigatoriedade.

    Há quem acredite na democracia. E por isto saem a derrubar governos constituidos por alianças longas e tribais, desorganizando governos tradicionais, aceitos por sua população. Está certo obrigá-los a adotar um regime que não compreendem?

    Com a palarava o meio e o si.

    Grato

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    • omeioeosi
      19 de fevereiro de 2016

      Obrigado. Acho que você mesmo deu a resposta no penúltimo parágrafo: “O problema é estender aos outros a obrigatoriedade.” Forçar uma mulher à mutilação genital ou a um casamento contra a sua vontade, por ex. Certos valores são elementares e transcendem cultura. A única intolerância aceitável é contra a… intolerância. Abs.

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  10. Ronaldo
    18 de fevereiro de 2016

    O problema do humanismo é dar razão para os homens e não a Deus. O homem não descobre a cura nem mesmo da microcefalia e querem ser donos da razão. Li uma matéria recente do Stephen Hawking onde ele diz que o futuro da humanidade será sair do planeta Terra, ele estudou a vida todo e não consegue resolver o problema da sua doença e quer mudar de planeta. Outro dia estava vendo na TV um jornalista dizendo como consertar os problemas do Brasil, sendo que seu filho morreu de overdose, quer dizer falhou em sua própria vida pessoal, porém acha que pode consertar a vida dos outros. Alguém já perguntou se estas pessoas que se acham os salvadores do planeta, tivessem nascidas em famílias pobres no sertão teriam conseguido ser bem sucedidas?. A humanidade precisa aceitar que Deus é soberano e não garçom para atender pedidos de pessoas que não seguem seu mandamentos, pois o mesmo Deus do arco íris é o mesmo do dilúvio.

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    • omeioeosi
      18 de fevereiro de 2016

      Obrigado por deixar sua opinião, mas seu ponto não nos parece claro. Um filósofo ou cientista sério não acha que é “dono da razão” ou que “sabe tudo”. Muito pelo contrário, só acredita no que vê, no que há evidência, e está aberto a ser contrariado – diferente dos dogmas religiosos.

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      • Roberto Corrêa de Andrade
        26 de fevereiro de 2016

        70.000 pessoas presenciaram o ocorrido em Fátima e até 15 km dali viram o fenômeno. Vai-se acreditar no que os olhos viram ou no que as pessoas dizem?

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      • omeioeosi
        26 de fevereiro de 2016

        ??

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    • Roberto Corrêa de Andrade
      26 de fevereiro de 2016

      De primeira e no ninho da coruja, sem chance de defesa rsrs

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  11. Dany Robson
    14 de fevereiro de 2016

    Prezado,
    Por conta de suas ponderadas elucubrações quanto à visão do Prof. Leandro sobre religião, apenas tenho a discordar de sua afirmação de que ciência e religião são incompatíveis, por conta de dogmas e da “verdade absoluta”. Se vc. estudar, mesmo que a grosso modo, um pouco da doutrina Espírita, verá que está tem como tripé de sua sustentação a religião; a ciência e a filosofia. Por favor, não estou de modo algum criticando seu ponto de vista; apenas colocando outro diferente.
    Fraternos abraços.

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    • omeioeosi
      14 de fevereiro de 2016

      Obrigado por deixar sua opinião! Abs.

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    • Ronaldo
      18 de fevereiro de 2016

      Meu caro a doutrina espírita divulgada pelo Allan Kardec, leia sobre sua vida. Ele pegou a Bíblia e escreveu seu evangelho, mas omitiu o que a Bíblia explica sobre falar com mortos e o que diz em Hebreus que ” esta ao homem ordenado a morrer apenas uma vez, depois vem o juízo. Se as pessoas ficassem reencarnando qual o sentido da morte de Jesus e porque a humanidade esta cada vez pior?

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    • José Eduardo
      18 de fevereiro de 2016

      O filósofo,jamais tem a presunção de querer “estar certo”,ou querer ensinar o certo,o correto a alguém(afinal de contas isso é dogmatismo).Querendo ou não,concordando ou não,aplaudindo ou não,o historiador e filósofo Prof Leandro Karnal,consegue a epopeia de todo filósofo a “provocação”!E perceba que através dessa provocação todos estamos raciocinando,buscando uma compreensão melhor de algo,ou seja,nos tornando pessoas com maior embasamento cultural,intelectual etc….Parabéns á todos,inclusive ao Professor Leandro!

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      • omeioeosi
        18 de fevereiro de 2016

        Obrigado!

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      • Roberto Corrêa de Andrade
        26 de fevereiro de 2016

        Sim, isso é válido. Mas provocação coerente é feita por um Felipe Pondé, ateu. Não pelo ateu ativista |Leandro Karnal.
        A base da sociedade é a familia e ela se inicia no casamento. Em todos os povos, civilizações, em todas as eras da História, as pessoas constituem família casando-se. Toda Civilização tem um pé de base na Religião. E religiosos, independentes da condição social ou cultural, existem aos bilhões. Não acredito que se deva respeitar a religião que não seja a sua, pois se assim fosse, teriamos que ser adepto de todas elas. Deve-se respeitar sim, o direito de cada um acreditar e praticar cada qual a sua religião ou religiosidade (quanto ao Islamiismo tenho dúvidas) e também renunciar a ela.
        Agora, alguém que dá uma palestra sobre Ética e nessa, vilipendia o casamento e a fé de bilhões de pessoas, mostra uma farta incoerência, nos oferece o chamado veneno de rato, que tem 99% de farinha e apenas 1% do arsênico, que mata. .

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  12. Michele Silva de Almeida
    9 de fevereiro de 2016

    Sobre os abusos que cometem principalmente as mulheres, acho que toda a forma de costume e cultura que impõe sofrimento ao ser humano e até ao animal, deveriam ser revistas e abolidas.

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  13. Danilo Moraes
    1 de fevereiro de 2016

    Sobre o professor Leandro Karnal, gostei mais dessa entrevista dele e acho que ele foi mais cuidadoso nas explicações: http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-noite-total/2016/01/26/IDEIA-DE-DEUS-E-A-MAIS-CONSTANTE-DA-HISTORIA-HUMANA.htm

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    • Jânio Lima
      4 de fevereiro de 2016

      Tbm acho ele peca em algumas afirmações, mas é uma cabeça realmente brilhante.

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  14. Danilo Moraes
    1 de fevereiro de 2016

    Acho importante esse debate, por isso vim contribuir com algumas ressalvas sobre os seguintes pontos abordados.

    1. De fato, uma e outra religião podem se ancorar em livros sagrados que contém passagens de violência e opressão, fazendo com que haja um maior número de atos violentos associados a essas religiões, enquanto outras não (como o budismo q vc citou). Porém, o que eu entendi sobre o comentário do professor Leandro Karnal é que a religião apenas potencializa os valores íntimos de cada pessoa, ou seja, o que realmente conduz à violência, no fim das contas, é a pessoa, e não a religião. Com certeza, uma religião com uma gama maior de dogmas, às vezes contraditórios, vai permitir um número maior de abusos por parte de seus fiéis (uns levam para a guerra, outros para o amor), mas isso significa, mais uma vez, que são as pessoas que usam para validar seus ideais, e não que a religião estimule isso de forma inerente. Uma prova disso é que, mesmo no budismo, há inúmeros templos e líderes budistas incitavam a violência: https://en.wikipedia.org/wiki/Buddhism_and_violence (tanto é que fizeram uma página no Wikipedia só pra isso).

    3. Os regimes ateus não necessariamente são a ausência de doutrina ou dogmas que orientem a ação. Um estado ateu é diferente de um estado laico. Se assim não fosse, o regime stalinista não teria destruído inúmeros templos religiosos e não teria perseguido e assassinado vários líderes religiosos. Se o ateísmo desses estados não conduzissem a uma ação (a de aniquilar as religiões), então simplesmente teriam declarado o Estado como ateu e deixado cada um com a sua crença. Mas não foi o que aconteceu. O Estado laico pressupõe o afastamento do Estado para oprimir ou privilegiar as religiões, ou seja, não abraça nenhuma delas e deixa cada um tomar a religião que quiser.

    4. A relação entre religiosos/ateus e educação/desenvolvimento existe, mas será que isso implica em admitir que o conhecimento é excludente à concepção religiosa? É isso que eu acho que o professor Leandro Karnal quis dizer, porque acho que esse fenômeno é mal interpretado. Existem pós-doutores ateus e também existem pós-doutores religiosos, como fica a questão? Se a relação entre conhecimento e religião fosse de consequência direta, por que há numerosos expoentes da ciência que são religiosos?

    5. Ciência e religião são linguagens diferentes. Mas isso não significa dizer que são incompatíveis. Tanto é que há uma forte corrente na igreja protestante que admite a teoria evolucionista e não acha conflitante com a teologia a respeito da Gênese. Eu acredito que cada uma tem um papel diferente, que não devem ser confundidos. A ciência deve observar e analisar FATOS, apresentando respostas sobre COMO as coisas acontecem: COMO surgiu a vida no planeta (experimentos de Stanley Miller)? COMO o homem surgiu no planeta (evolução de Darwin)? COMO giram os planetas em torno do sol (Kepler)? COMO surgiram os planetas, estrelas e galáxias (teoria do Big Bang)? A religião, contudo, deve levar o homem à transcendência, para interpretar o significado de sua existência no Universo, ou seja, a religião busca responder os POR QUÊs: POR QUE eu existo? POR QUE o universo existe? POR QUE eu nasci na Terra, e não e algum outro planeta (dentre os milhões de trilhões) que possuem as condições para o surgimento de vida? POR QUE eu (enquanto consciência individual) nasci como um ser humano, e não como um macaco ou um coelho? Por essa razão, acho que são linguagens diferentes, com propósitos diferentes, mas uma não exclui necessariamente a outra.

    Parabéns pela iniciativa.

    Grande abraço!

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    • omeioeosi
      4 de fevereiro de 2016

      Obrigado pelos ótimos comentários. Alguns creio que já foram abordados no texto, outros podemos apenas concordar em discordar. Volte sempre! Abs.

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    • Ari Pesce
      5 de fevereiro de 2016

      Excelente!

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  15. Geovanne Mazolli
    30 de janeiro de 2016

    Boa tarde!

    Também admiro o professor Leandro Karnal e já assisti vários vídeos dele.
    Quando assisti os vídeos relacionados a religião, discordei de algumas coisas mas não tenho o conhecimento suficiente para fazer o comentário em palavras e você o fez por mim.
    Conheci o Blog por acaso e gostei muito, parabéns!

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  16. valdir
    25 de janeiro de 2016

    muito bom seus comentários, realmente o Dr. Leandro Karnal é um homem muito inteligente, mas em algumas coisas eu também discordo dele, abraço.

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  17. Marcilio Carneiro
    25 de janeiro de 2016

    Muito boas as suas colocações com relação ao Leandro Karnal mas discordo de sua argumentação na crítica de Nº 5.Não que ache que a ciência seja compatível com religião, mas quanto a dizer que a existencia de Adão e Eva seja incompatível com a lei de Evolução.Isso só é verdade numa compreensão literal da descrição bíblica.Fiz longos estudos a respeito e descobri que o conflito é apenas aparente(inclusive no próprio Genesis – de Bíblias antigas pois as de hoje foram modificadas diz que a vida surgiu da Terra).Sugiro ler o livro Is God Creationist? De Roland Mushat Frye.O criacionismo que é entendido hoje não corresponde ao seu verdadeiro sentido.

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    • Felício Soares
      27 de janeiro de 2016

      Interessante isso que o próprio Leandro Karnal denomina de “customização da fé”; escolhe-se no que acreditar entre as mais de 600 regras do Livro… Uns dizem que as Escrituras devem ser interpretadas literalmente, já outros sustentam que depende de sucessivas (re)interpretações… Cada vez mais, a advertência de Freud (em “O futuro de uma ilusão”) se mostra firme: customiza-se Deus à maneira que convém (“antropomórfico” quanto à sua aparência, “vingativo” com aqueles que contra ele se rebelam, “discriminante” quanto àqueles que não o seguem etc etc etc)

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      • Matheus
        6 de maio de 2016

        Pertinente sua colocação. Penso, humildemente, que há certo receio em seguir uma linha de interpretação literal do texto bíblico. Onde com outras teorias pós-modernas, essa linha levaria a compreensão de Deus? Não vejo o porquê desse temor.

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  18. Gomes
    23 de janeiro de 2016

    Lembrando que Leandro Karnal é professor e historiador o papel dele não seria nos dar respostas, e sim estimular discussões saudáveis com esta. Quando assisto às palestras por ele ministradas penso nas referências que ele faz, nas fontes e dados que desconheço. Posso usá-las para elaborar meus próprios questionamentos e minhas respostas.

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  19. Alaide Oliveira
    17 de janeiro de 2016

    Sensacional sua análise. Encontrei esse espaço ao acaso e não poderia deixar de parabenizá-lo.
    Abraços.

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  20. Alaide Oliveira
    17 de janeiro de 2016

    Sensacional sua análise. Encontrei este blog ao acaso e não poderia deixar de parabenizá-lo pelo texto.
    Abraços.

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  21. Marlene Madalena Possan Foschiera
    16 de janeiro de 2016

    Gosto muito do Dr Leandro Karnal em tudo que leio e vejo. Todos os elogios dados a ele são merecedores e muito mais. Eu gosto muito desses assuntos apesar de não ter conhecimento acadêmico. Quero dizer que as vezes Dr Leandro com seu bom humor faz piadas onde ele erra a mão, em assuntos muito importantes como o SUS – Sistema ùnico de Saúde, quando em suas piadas diz que é uma política pública ruim,talvez não tenha todas as informações sobre a história e importância dessa política e da disputa que existe entre público e privado. Quando DR Leandro, sendo a figura pública que é desqualifica o SUS é dar arma para o PRiVADO que quer e precisa destruir o SUS para sobreviver. Também não gosto da generalidade feita pelo Dr Leandro quando faz humor da política ou dos políticos, já que precisamos fortalecer a política para que não tenhamos retorno a regimes de excessão.

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    • Patricia
      15 de fevereiro de 2016

      Vou discordar Marlene. O SUS é espelho do sistema Alemão, é fantástico, mas para país descente. O nosso não funciona, por causa dos políticos e fornecedores corruptos. Eu tive uma aula no cursinho sobre saúde pública, a professora é funcionária pública, e as explicações dela sobre o SUS e suas mazelas, nada tem a ver com o PRIVADO. Se tivéssemos políticos honestos e soubéssemos cobrar os nossos direitos, a saúde pública seria diferente.
      Eu sou a favor de privatizar tudo, quanto menos estatais nas mãos do governo, menor corrupção e mais concorrência. O “jeitinho” brasileiro de ser, levar a péssima qualidade de vida do brasileiro em todos os sentidos.

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  22. Wilton Alano
    12 de janeiro de 2016

    Todos os atos de um ser – como o Sapiens – são sempre e apenas um: tentativa de eternizar sua espécie. A religião se funda nesta tentativa.

    Quanto o ‘se dar bem’ não é possível por meios naturais, o homem o tenta por meios mágicos, como tentativa última e desesperada.

    Historicamente, esta fragilidade termina por ser usada como instrumento de dominação da classe dominante, que usa a religião para alienar as massas.

    Por experiência própria e de minha família, a religião é uma ‘transmissão cultural’ e o pai é seu principal agente. Uma vez que a família não transmita este tipo de mitologia ao filho, o processo se encerra.

    Pai e mãe de meu filho são religiosos, porém, bastou apenas uma conversa de poucos minutos com meu filho para que ele seja ateu dos 07 até hoje, com 26.

    A receita é simples: dizer enfática e calmamente que não existem papais-no-céu, mas apenas na terra, como o pais dos amiguinhos. Que deuses são ‘histórias da carochinha’, como Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa, não existem e não são ‘de verdade’.

    Na minha família tem funcionado e resultado em adultos pensantes, independentes e saudáveis.

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    • omeioeosi
      12 de janeiro de 2016

      Obrigado por compartilhar sua história. Abs.

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      • antonio jacinto maia neto
        12 de janeiro de 2016

        tenho avaliado muito esta questao (uma fonte com bom conteudoo livro Mais Platao menos Prozac – trata-se de um conselheiro filosofico) concordo com suas ideias

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      • omeioeosi
        12 de janeiro de 2016

        Obrigado. Abs.

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    • Allan
      16 de janeiro de 2016

      Caro Wilton, comparar a espiritualidade das pessoas como o mesmo que crer em papai noel é tanto arrogante quanto ofensivo. Deus pode ser um fantoche perigoso na mão de radicais, assim como qualquer ideologia pode sê-la, mas isso não é isso motivo para compará-lo a um mito infantil. Entenda-me que não estou defendendo sua existência ou não existência, estou tão somente discutindo ideias.

      Isso me leva necessariamente ao 5º ponto defendido nesse blog: de que ciência e religião não são compatíveis (e nesse ponto já me dirijo ao autor do blog). Bem, isso vem de um entendimento errôneo de que a ciência substituiu o mito. O mito não serve só para explicar o mundo, mas exerce um papel o qual a ciência nunca dará conta: a espiritualidade, não porque ela não possa, mas porque não é papel da ciência lidar com questões espirituais.

      Defendo que a fé é uma forma de conhecimento do mundo, assim como a filosofia e a ciência, mas cada uma delas cuida de campos exclusivos. O que dizer de áreas da filosofia que é cética não somente em termos religiosos, mas até mesmo em relação à ciência? Não vejo cientistas perseguindo filósofos por conta disso.

      A ilusão de que iremos encontrar todas nossas respostas na ciência é uma falácia igualmente perigosa, tanto quanto crer que só a religião dará conta disso. É daí que nascem os extremismos e as ideias fundamentalistas. Como já falei em algum comentário por aqui, nossas utopias nos matarão, a não ser que abramos mão delas. Quando Nietzsche postula que Deus está morto no século XIX, o diz plenamente convicto de que a ciência tinha todas as respostas para o mundo, mas toda a história do século XX é uma prova de que a ciência pode ser usada tanto para o bem, quanto para o mal.

      No final das contas, qualquer conhecimento (religioso, científico, filosófico) pode ser usado de forma positiva ou não, o que quer dizer que nenhuma dessas formas de se conhecer o mundo são inerentemente boas ou más. O problema essencial de nosso mundo não está na ciência, filosofia ou religião, está na natureza humana, que pode pender para o que é mal, destrutivo e contaminar todas as formas pelas quais entendemos o mundo. Como diria o poeta W. H. Auden: “Não há nada de extraordinário no mal… ele compartilha nossa cama e come conosco em nossas próprias mesas”.

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  23. José Roberto Hering
    10 de janeiro de 2016

    O mais curioso nessa história toda é o seguinte: os ateus falam duramente do ódio e terror provocado por fanáticos religiosos, mas eles mesmos não estão livres do ódio que nutrem por religiosos, sejam esses fanáticos ou não. O que me faz crer que, veladamente, para alguns ateus, a solução seria a erradicação total da religião da face da terra. Mas neste sentido, em que ateus são melhores que fundamentalistas, quando o objetivo de um ou outro grupo é a erradicação de alguém ou de algum grupo com quem não concordam? Apenas uma provocação para refletirmos.

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    • omeioeosi
      10 de janeiro de 2016

      Somos todos humanos, todos suscetíveis ao ódio, violência e outras manifestações negativas. Nosso texto não sugere que apenas religiosos fundamentalistas cometam atrocidades nem que ateus estejam livres disso. Apenas discutimos as consequências de doutrinas. Abs.

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      • José Roberto Hering
        10 de janeiro de 2016

        Bem, já não estou mais a discutir nem tão apenas o texto, mas também os comentários que li por aqui. Obrigado por publicar mniha opinião. Abraço!

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      • omeioeosi
        12 de janeiro de 2016

        Volte sempre!

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  24. Allan
    10 de janeiro de 2016

    O fato de as religiões orientais não sustentarem textos religiosos que possam vir a acomodar práticas fundamentalistas não fazem com que os orientais sejam menos violentos ou intolerantes. Não há menos preconceito em relação às mulheres, gays e quaisquer outras minorias em países como Índia, China, Tailândia, Vietnam, etc. As práticas legadas às tradições machistas e patriarcais prescindem de textos e códigos religiosos que as justifiquem. Os códigos religiosos apenas são usados para estratificar tais práticas, porque é mais fácil usar Deus como o aval para justificá-las. Deus se torna um fantoche ou marionete nas mãos de sacerdotes, imãs, clérigos e fanáticos quando o objetivo é atender aos propósitos destes. Logo, não é a religião que fomenta essas práticas, mas uma tradição patriarcal opressora que molda os códigos religiosos às suas ideologias, quando possível.

    Outra observação: uma população secular não quer dizer uma população inteiramente ateia. Acho bobo fazer essa relação de que países mais desenvolvidos contêm mais ateus e daí concluir que a fé é fruto direto da ignorância de povos menos desenvolvidos. Uma observação mais atenta dos dados nos países desenvolvidos sobre afiliação religiosa sempre vai conter números sobre pessoas sem afiliação religiosa ou religião, que pode ser maior que em outros países com menor grau de desenvolvimento, mas pessoas sem religião não quer dizer necessariamente ateísmo. Isso é interpretar os dados conforme seus interesses, pois só quando olhamos mais atentamente os números é que observamos que dentro do grupo sem confissão, apenas uma parcela menor se declara ateia ou agnóstica. Uma maior sofisticação intelectual das pessoas não resulta necessariamente em ateísmo. Geralmente, pessoas mais esclarecidas podem ser ateias ou agnósticas, mas elas também podem ser pessoas de fé, mas claro, livres de preconceitos ou coisas do tipo. Se a premissa de que conhecimento é sinal de ateísmo, todo pesquisador ou cientista seria um ateu, porém mais uma vez os dados revelam que isso pode ser falácia, pois entre grupos de cientistas de qualquer vertente (naturalistas, engenheiros, humanistas, etc) encontramos ateus,agnósticos e pessoas de fé. E não vale dizer que os que têm fé são menos esclarecidos, pois isso é cair em fanatismo, desta vez, fanatismo ateísta.

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    • omeioeosi
      10 de janeiro de 2016

      Você faz muitas colocações, nem todas consistentes com o que diz o texto. De qualquer maneira, obrigado por deixar sua opinião.

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  25. Allan
    9 de janeiro de 2016

    De qualquer maneira, os dados estão lá. Estados professamente ateus e que trabalharam com a destruição ou restrição das práticas religiosas por causa da suposta ideologia comunista mataram e oprimiram tanto quanto estados religiosos. O ponto de discussão é: ser ateu ou não é garantia de um mundo livre de violências? A ilusão de que a ciência tem a resposta final para o mundo é uma falácia. A ciência não pode se tornar dogmática, sob o risco de se igualar à religião. Gosto da metáfora de que a ciência é como uma ilha, cada vez que ela cresce, aumenta de território e tamanho, maiores ficam suas fronteiras. E fronteiras significam obscuridade, mais perguntas do que propriamente respostas e isso é salutar. Ou seja, sempre haverá mais a conhecer e a saber. Inclusive, muito do que acreditamos ser hoje verdades científicas consolidadas, no futuro, serão contestadas.

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    • omeioeosi
      10 de janeiro de 2016

      Nosso único ponto é que ateismo não é dogma, portanto não se trata de norteador de doutrina ou ações. Em nenhum momento foi dito que ateus não possam ser violentos. Somos todos humanos e ser ateu diz muito pouco sobre a pessoa. Um ateu pode agir de maneira positiva ou negativa, assim como religiosos também. O debate aqui é sobre idéias e ações baseadas nessas idéias – nada mais. Grato.

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  26. Ronaldo Lisboa
    29 de dezembro de 2015

    Sem desmerecer as críticas feitas diante das palestras, que também assisti, do historiador Leandro Karnal, penso que são pertinentes, mas tão interpretativas quanto à relativização por você apontada no palestrante e, de certa forma, pontuais, sim, porque as ponderações ficam aquém do contexto mais amplo que a análise do historiador abrange, o que induz a uma certa simplificação e reducionismo das suas críticas. No mais, concordo e acho salutar o ato democrático de discordar.

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    • omeioeosi
      29 de dezembro de 2015

      Obrigado por compartilhar sua opinião. Abs.

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    • Edson
      30 de dezembro de 2015

      Leandro Karnal como tanto outros acadêmicos tem tido bastante destaque na mídia mais para entreter o público do que para passar suas convicções, o que atrai o público e a forma cômica deles se expressarem tal não perdendo nada para como o nosso deputado federal mais votado.

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      • omeioeosi
        31 de dezembro de 2015

        Obrigado por deixar sua opinião.

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  27. Claudeko
    26 de dezembro de 2015

    Caro refutante, comecei a ler suas ponderações sobre as falas do Dr. Leandro e percebi uma certa confusão, você o contradiz afirmando que Ateísmo não é regime e que não defende nenhuma ideia, por não ter uma norma que rege. No seu comentário da próxima questão sobre educação fala que ateísmo é próprio da elite acadêmica Então o princípio quer os organiza não é uma Bíblia, bem verdade, mas uma norma subjetiva que os faz muitos, São tantos com a mesma característica que os faz merecer o nome de ateísmo. A antirregra também é uma regra. O Devir é o ser em potencial.

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  28. Clayton Henrique dos Santos
    26 de dezembro de 2015

    Excelente abordagem! Parabéns! É importante apresentar uma visão diferente daquela divulgada nos meios de comunicação, pois a impressão passada sempre é que a opinião do apresentador ou comentarista é a verdade. Continue neste caminho, esclarecendo aquilo que outros não veem. Abraços.

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  29. Pedro Vanzella
    22 de dezembro de 2015

    Concordo com o que foi escrito! As críticas são pontuais e honestas! Mas uma delas me deixou confuso: o Estado Ateu permite o exercício legítimo da religiosidade? Este não seria o Estado Laico? Salvo engano, o Estado Ateu exclui o exercício da religião e, neste ponto, reside a diferença entre ambos.

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    • omeioeosi
      29 de dezembro de 2015

      Sua definição (por exclusão) de estado laico está correta. Quanto ao que chamar de “estado ateu” me parece menos claro. De certa forma, o estado laico me parece uma manifestação positiva de um estado ateu, enquanto regimes opressivos como Stalinismo ou Coreia do Norte manifestações negativas. Abs.

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  30. Will Silva
    4 de dezembro de 2015

    caramba que ótimo assisto sempre as palestras dele pelo youtube e gosto muito de ouvi-lo porém nestas palestras especificas citadas por aqui eu discordei prontamente praticamente nos mesmo fatos!!! ( que bom que não era só eu) achei uma ótima critica polida coesa e com fontes, continue assim ótimo texto, obrigado por expor opiniões assim.

    :D.

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    • omeioeosi
      5 de dezembro de 2015

      Obrigado, Will. Leia nossos outros textos também, principalmente da categoria Filosofia & Indivíduo. Volte sempre! Abs.

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  31. Aline
    18 de novembro de 2015

    Bom, não sei se apenas os comentários respeitosos estão sendo publicados (gosto de pensar TODOS estão sendo assim!), mas é um alento ver esse tipo de discussão em que cada um expõe seu ponto de vista, muitas vezes citando a fonte, e nos estimulando à reflexão! Parabéns ao blog e aos demais que comentaram.

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    • omeioeosi
      18 de novembro de 2015

      Obrigado, Aline. A grande maioria dos comentários é muito respeitosa, sim. Apenas uma ou duas vezes deixamos de postar comentários por serem agressivos ou desrespeitosos. Aqui postamos comentários a favor e contra, contanto que haja um mínimo de cordialidade. Abs e volte sempre!

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  32. Elaine Molinaro
    15 de novembro de 2015

    Hoje me dediquei a conhecer um pouco mais sobre o Dr. Leandro e assisti alguns vídeos; logo no primeiro, no qual discorria sobre barbárie e civilização, me deparei com a seguinte assertiva: fundamentalistas violentos, merecem ser re-educados, assim como racistas e pedófilos; achei a comparação, no contexto do discurso, um tanto desarrazoada, em especial quando se tem memória recente dos últimos ataques terroristas na França; fiquei reflexiva a despeito de qual seria a razão para o professor, cuja intelectualidade e erudição não se questionam, sustentar o argumento. Outras questões também ficaram pouco claras pra mim. Enfim, seu texto é fantástico, abordou com honestidade as discordâncias e me trouxe alento para as dúvidas que surgiram nos vídeos do professor.Abs

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    • omeioeosi
      15 de novembro de 2015

      Obrigado, Elaine. Que bom que gostou do nosso artigo. Volte sempre! Abs.

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  33. Francisco José
    13 de novembro de 2015

    Achei fantástica as críticas da sua amiga. Concordo plenamente com tudo que ela falou. Sam Harris como você citou é a meu ver uma das pessoas mais lúcidas do planeta.
    Parabéns

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    • omeioeosi
      13 de novembro de 2015

      Obrigado, Francisco. Mas apenas esclarecendo, as críticas foram nossas, do blog, não da amiga do autor do texto. 🙂 Abs e volte sempre!

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  34. Clenio Martins
    9 de novembro de 2015

    Olá,
    Como vc mesmo destacou, são pontos abertos a uma ampla discussão. Quanto ao ponto do ateísmo, mesmo não tendo um código doutrinário estabelecido, é difícil desvencilhar a grande parte das atitudes das pessoas das sua cosmovisão e crenças.

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    • omeioeosi
      10 de novembro de 2015

      Ok. Mas o ateísmo é, por definição, uma falta de crença (“a” = “não”). Portanto. temos que ver no que a pessoa acredita, não no que não acredita. Abs.

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      • Sergio
        4 de dezembro de 2015

        Pessoas que acreditam que Deus não conta promoveram grandes canificinas. O ateu acredita na existencia sem Deus. Dizer que o ateu seja alguem que não acredita em nada é bobagem. E mais, qualquer afirmação sobre Deus requer uma escolha para alem dos limites da razão. O que atua na pessoa quando ela aceita ou recusa uma declaração de amor? O fundamento da existencia é o acaso ou é o amor? Para responder usamos a razão e o desejo.

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      • andreadaher
        21 de dezembro de 2015

        O ateísmo não é uma falta de crença. O ateu crê que Deus não existe! E crê no evolucionismo em vez do criacionismo, crê que a ciência trará as respostas. E, ateus …..bem, todos tem um deus. O de alguns é o dinheiro, de outros a humanidade, o conhecimento ou a própria pessoa….O ser humano é um peregrino em busca de resposta, e só faz isso por que crê que vai encontra-la.

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      • omeioeosi
        29 de dezembro de 2015

        Não concordamos, mas agradeço o comentário.

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  35. Arthur
    9 de novembro de 2015

    Excelente análise, esmiuçou os argumentos do Karnal de forma suave mas concisa. Teus argumentos são bem ponderados e – sem o crivo do contraditório – penso que são críticas justas que me convenceram da posição que tu sustentas. Eu estava atrás de um blog dele, e acabei encontrando o teu. Grata surpresa, pretendo olhar mais posts para me ambientar melhor no assunto. Obrigado por compartilhar o pensamento!

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  36. Rogerio
    8 de novembro de 2015

    Saudações. Gostei muito do que você escreveu a respeito do Leandro Karnal. Eu particularmente entendo a posição dele, embora esteja muito mais próximo dos seus argumentos do que dos argumentos do professor. Acredito que se vocês dois conversassem, veriam que pensam da mesma forma. Essa suavização que o Karnal faz – e que você dissecou com propriedade – eu atribuo a uma certa performance de show business. Estou inclinado a pensar que no fundo, o professor não pode ser sincero nas suas palestras. Para não virar um Olavo de Carvalho, adota uma posição mais”neutra”. Mas reitero a qualidade das suas argumentações. Parabéns !!

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    • omeioeosi
      8 de novembro de 2015

      Obrigado, Rogério. Concordo com você, tenho a impressão que no fundo o Karnal pensa parecido conosco. Embora eu tenha tido uma breve troca com ele e ele não sinalizou nesse sentido. Apenas “concordamos em discordar”. Abraços.

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  37. Paulo
    6 de novembro de 2015

    Parabéns! Seu texto está perfeito. Venho acompanhando o trabalho do Karnal, E penso a mesma coisa.. É um excelente profissional, mas infelizmente.. “vive em cima do muro”.

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    • omeioeosi
      7 de novembro de 2015

      Obrigado, Paulo. Mas faço questão de ressaltar que meu texto é sobre os 2 vídeos que vi apenas. Não tenho como afirmar se o Prof. Leandro “vive em cima do muro” de maneira geral, como você afirma. Mas respeito sua opinião. Volte sempre! Abraços.

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  38. Armando Bueno
    5 de novembro de 2015

    Parabéns seu texto está muito bom. Porém permita-me sugerir que tu não sejas tão sectário. Como espírita presumo que todos os pontos de vista são válidos pois todos os argumentos são úteis para construirmos um ser humano melhor. A paz mundial pode ser alcançada pela paz individual.

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    • omeioeosi
      5 de novembro de 2015

      Mas acho que deixo bem claro que respeito o ponto de vista do Prof. Leandro, não? Quanto a “todo ponto de vista é válido”, concordo apenas se for bem fundamentado. Abs.

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  39. Mario
    1 de novembro de 2015

    Li o seu texto e só tenho a lhe agradecer pela visão crítica tão inteligente e bem trabalhada. Além de voce nos fornecer publicamente e sem nenhum custo, um texto muito bom, ainda assistiu com muito detalhismo aos vídeos e ponderou de forma muito tranquila e esclarecedora. Um trabalho minucioso fornecido gratuitamente para todos.

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    • omeioeosi
      1 de novembro de 2015

      Muito obrigado, Mario. Ótimo receber um comentário tão positivo. Volte sempre! Abs.

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  40. Roberto
    29 de outubro de 2015

    Também discordo de seu ponto de vista que religião e ciencia são imcompatíveis. Há 2000 anos atrás falar de eletricidade, de raios gama,raios beta,raios X e tantas outras descobertas recentes, faziam com que o divino se desse a conhecer com muitas limitações. A ciencia não havia avançado o suficiente para se poder dar uma visão básica de Deus. E ainda hoje, somos muito limitados para fazer conjecturas vindo de uma visão finita querer abordar o absoluto.
    Nas suas outras críticas, endosso seu olhar.
    abraço
    Roberto

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  41. zé eduardo
    26 de outubro de 2015

    Como outro comentarista acima, cheguei ao blog quando buscava informações sobre Karnal, que havia sido citado por um amigo. Gostei demais de tuas ponderações e análises, tanto do ponto de vista formal, oferecendo uma escrita muito concisa e clara, quanto pelo conteúdo, com uma perspectiva analítica muito abrangente. Em outro momento voltarei com mais calma para ler outros posts. Acho que Espinoza seria frequentador daqui. Sou ateu, no sentido de não acreditar em um Deus transcendente e ‘personalizado’. Prefiro seguir minha espiritualidade aceitando o divino imanente, ‘deus sive natura’. Religião e espiritualidade não são a mesma coisa. E tenho até dúvidas se o Budismo (que não conheço a fundo, reconheço) é uma ‘religião’ ou uma filosofia espiritualizada, mas tanto faz, pois gosto muito da ética budista. Parabéns pelo blog.

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    • omeioeosi
      26 de outubro de 2015

      Muito obrigado, Zé Eduardo! É ótimo ter leitores como você e, por favor, nos ajude a divulgar o blog entre pessoas do seu círculo. Abraços.

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  42. Madu
    15 de outubro de 2015

    Achei, de uma certa forma, pertinente como se colocou em relação ao segundo ponto.
    “As mulheres ocidentais têm a opção de não usar Botox caso não queiram! Como sabemos, isso nem sempre é verdade no caso da burca.”
    Tampouco é verdade no outro caso, visando que o Botox é possivelmente apenas um exemplo. Em um mundo com tantas coincidências, você de fato não acha possível que, em casos ocultos, mulheres não estejam sendo submetidas a fazerem tratamentos para agradar? No sentido de serem obrigadas, por exemplo, a fazerem plásticas para satisfazerem sexualmente o amante ou marido?
    Não estou discordando e nem fazendo o contrário, mas este “nem sempre é verdade” pode ser aplicado em ambos os casos. Você usou o “nem sempre” pois algumas mulheres de fato usam a burca por opção, e está certo.
    Não podemos jamais sermos etnocêntricos a ponto de dizer que a burca é algo errado, principalmente se estivermos nos baseando na nossa cultura. Recomendo a qualquer um esta charge:

    Ela mostra como o “normal” se relativiza no mundo, assim como o que é ou difere certo de errado. Por isso muitas religiões e culturas serão estranhas ao nosso ver, mas não é por isso que devemos agir de forma preconceituosa ou etnocêntrica em relação à elas.

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    • omeioeosi
      19 de outubro de 2015

      Cara Madu. Entendo seu ponto e concordo em parte. Mas acredito que haja uma diferença grande entre pressões “explícitas’ e “implícitas” de uma sociedade. Uma mulher ocidental não será apedrejada se não usar Botox. Se ela se vê “pressionada” a usar, é pq de certa forma *optou* por aceitar essa pressão.
      Quanto a ser etnocêntrico, cabe a nós sociedade decidirmos até onde aceitarmos certos comportamentos baseados na “cultura”. Por ex, se uma tribo começa a matar todos filhos primogênitos pq algum guru disse que um Deus o indicou que assim deveria ser feito, devemos intrervir ou respeitar? Para pensar…
      Volte sempre!

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    • sandra
      20 de outubro de 2015

      Quanto ao comentario: – Eu entendo sua critica educaçao x religiao. Mas eu cito especificamente a fé, a fé tambem pode ser racional, sabia? Então eu nao falo de religiao cega, mas de acreditar em Deus. A maior demonstraçao de fé é mesmo com todo o conhecimento da historia humana e da ciencia, eu escolher racionalmente acreditar que existe este Deus, que muitas vezes e em muitas religioes é mal interpretado. O problema é que a maioria dos intelectuais se torna ou é ateu porque se julga conhecedor de toda a verdade, morre ai a humildade, nasce ai o orgulho. E baseado somente nos conhecimentos finitos e limitados humanos se colocam numa postura de conjecturar sobre Deus e julga-lo. Somos tão pequenos e tão pó e nos achamos detentores do saber e da verdade. Deus é infinitamente maior que tudo isto, e nós não deveriamos sobrepornos a Ele. Mas para chegar a esta certeza você precisa se dispor de toda a convicçao e racionalidade lógica e ir em busca deste ser chamado Deus. Portanto, é necessario querer! Se você não duvidar de si mesma e de toda convicçao baseada eu sei em muitos estudos e comprovaçoes cientificas, você não chegará lá, lá aonde? No céu, que começa aqui, na comunhão que é só sua, na conversa com este Deus que responde. Faça o teste e diga para si mesma, como se assim fosse, Deus eu não acredito em você, não tenho nenhuma prova real que Tu existes, mas tenho curiosidade, quem é você caso realmente exista, porque não fala entao comigo. Terás a resposta quando menos esperar. Não custa tentar não é mesmo? Abraços!

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      • omeioeosi
        20 de outubro de 2015

        Obrigado pela mensagem. Você – e todos! – tem todo o direito de acreditar em Deus. Não vejo problema algum nisso, contanto que um não imponha sua crença aos outros e respeite posições diferentes.
        Só faço questão de comentar um ponto que você levantou e que é, a meu ver, um erro de interpretação muito comum. Você disse que “a maioria dos intelectuais se torna ou é ateu porque se julga conhecedor de toda a verdade, morre ai a humildade, nasce ai o orgulho.” Isso não é verdade. Os intelectuais e cientistas de maneira geral estão muito mais propensos a admitir o que não sabem do que os religiosos. Por exemplo, a comunidade científica tem a humildade de se dizer ignorante sobre muitos aspectos (ex: surgimento da vida, para onde vamos quando morremos, cura do câncer etc). Trata-se de uma postura na realidade bastante humilde. Mais “orgulhosa” ou até arrogante, é a postura de alguém que *afirma* que a o mundo foi criado em 6 dias, que existe há apenas 6 mil anos, e que sabe o que acontece conosco quando morremos – isso tudo sem a menor sombra de evidência. Pense nisso…
        Um abraço!

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  43. Ricardo Resende
    28 de setembro de 2015

    André: em que pese suas ponderadas afirmativas ter por objetivo contribuir e enriquecer a discussão, tendo a discordar de você.
    1. Há, sim, violências em todas as religiões. A questão é basicamente buscar no passado os exemplos e constextualizá-los.
    2. Nem a Bíblia nem o Courão fazem exortação à violência. As atrocidades que se vê, no islamismo por exemplo, decorrem de distorções de interpretação do Courão e não se fazem presentes em toda nação islâmica.
    3. Sobre “regimes ateus”, meu entendimento sobre o termo foi o de Regime Político Laico”, onde sem dúvida já ocorreram também grandes atrocidades. E até nos dias de hoje se vê muita violência, independente do agente ser ateu ou religioso. E foi isso que Leandro Karnal disse.
    4. Sobre religião e nível educacional, também discordo de você. Conheço vários doutores e mestres que se dizem (e praticam/professam) sua religião.
    Médicos, por exemplo, conheço muitos.
    Acredito que a questão dos países escandinavos decorra de outro fatores, históricos/antropológicos.
    5. Ciência e religião me parecem compatíveis sim, seja pela complementareidade de uma com a outra, seja pelo fato de muitos cientistas terem convicção de que a ciência não explica tudo.
    E só para lembrar, não foram poucos os grandes nomes que contribuiram para a ciência que, declaradamente, tinham religião.

    Longe de mim fazer daqui um espaço de embate,
    Mas apenas e tão somwnte expor certa diacordância, respeitosamente, de seus argumentos.
    Por fim, tenho a impressão que o Dr Leandro Karnal tem suficiente bagagem de estudos e leituras variadas, em todas as perspectivas que abordou, para afirmar tecer as considerações que fez.
    Abraços e parabéns pelo seu espírito crítico.

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    • omeioeosi
      28 de setembro de 2015

      Caro Ricardo, obrigado pelos comentários. Este blog é justamente para debates e discordâncias saudáveis, portanto sua opinião é benvinda. Veja minha reação aos seus pontos:
      1- Existem mais de 2 mil religiões. Meu ponto é que não devemos assumir que são todas iguais em termos de violência, tanto em conteúdo quanto em efeito e escala. Por exemplo, basta abrir os jornais hoje para ver que o islamismo neste momento é a mais problemática. Assim como o catolicismo foi durante a Inquisição etc.
      2- Velho testamento, novo e alcorão estão repletos de passagens que instigam a violência a a intolerância, sim. Veja este meu post: https://omeioeosi.com/2014/08/13/religiao-etica-e-moral/ (e leia vc mesmo os livros).
      3- Meu ponto não é esse. O ponto é que não se produz violência “em nome” do ateísmo (ou do estado laico) da forma como se faz em nome da religião. Qualquer estado, laico ou religioso, pode ser violento ou não.
      4- Aqui não há do que discordar, são fatos indiscutíveis (eu cito pesquisas/fontes no post). O fato de vc “conhecer vários” doutores que praticam religião não contradiz o *fato* de que como um todo existe uma relação inversa entre educação e religiosidade.
      5- Eu falo justamente desta “complementariedade” mas não a considero intelectualmente honesta nem benéfica. Mas entendo o papel da religião, sem dúvida.
      Abraços e volte sempre!

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      • Eluis Ruano
        30 de outubro de 2015

        O entendimento que o Catolicismo é, também, uma religião violenta julgo ser bastante curioso, é tão notável o resistente desinteresse geral pela busca de certas verdades históricas. Quando o Papa João Paulo II tornou público os processos de sindicância (Inquisição), estes mesmos que ao longo de alguns séculos foram promovidos pela Igreja Católica, nenhuma discussão se viu até hoje em lingua portuguesa; ´resta assim comprovado que os mesmos interesses sorrateiros que mudaram o sentido a palavra “inquisição” permanecem vigorando, inquisição significa apenas “sindicância” ou “investigação” mas foi transformada simplesmente em sinônimo de “matança de pessoas”. Ainda hoje, esse “erro” circula por muitos meios sociais e a prova disso se consagra e seu comentários. O historiador Agostino Borromeo, após realizar longos e honestos estudos sobre a inquisição católica, tendo por base o acesso direto das fontes primárias, ou seja, os processos originais de sindicância arquivados no Vaticano, concluiu que não chegaram a cem o número de mortes, cometidas por católicos que em desobediência ao Papa, empregaram pena de morte contra os inquiridos. Quais as razões para que estes registros históricos não sejam discutidos? Quais seriam as razões para que em seu lugar sigam prevalecendo essas inverdades lançadas contra a Igreja Católica sobre a acusação do assassinato de “centenas”, “milhares” e até “milhões” de pessoas?
        Estas tais incontáveis e cruéis mortes promovidas pelo catolicismo não podem mais ser aceitas entre aqueles que amam a verdade, se tratam de lendas comprovadas, inicialmente, decorrentes de estratégias Protestantes e foram fomentadas por anticatólicos como: Russel Hope Robbins, o apostata Doelling, Jules Baissac, Jean Français e Reinach entre tantos outros. Rui Barbosa quando incipiente em sua reconhecida produção intelectual traduziu “O Papa e o Concílio” com uma obra de um deles, Doelling, e se arrependeu mais tarde, proibindo no prefácio a publicação da mesma, pelas calúnias apaixonadas. Dizia mais tarde Rui Barbosa, quando maduro e experiente: “Estudei todas as religiões do mundo e cheguei a seguinte conclusão: religião ou a Católica ou nenhuma.” (Livro Oriente, Carlos Mariano de M. Santos (1998-2004) artigo 5º).

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      • omeioeosi
        30 de outubro de 2015

        Difícil você tentar argumentar contra tanta evidência histórica, que aliás nem a Igreja Católica nega. Mas obrigado de qq maneira por compartilhar sua visão. Abs.

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      • Felicio Soares
        29 de dezembro de 2015

        A Inquisição foi, sim, violenta; e não somente fisicamente mas também moralmente, seja pelas modalidades de castigos impostos, seja pela premissa que se utilizava (a interpretação das “Escrituras”).

        Dois exemplos p/ não cansar o leitor: Giordano Bruno e Galileu; o primeiro foi um religioso italiano que foi condenado à fogueira por sustentar -pasmem- que o universo era infinito; já o segundo foi condenado à prisão perpétua por sustentar que a Terra não era o centro do universo… Vejam o grau de truculência da Inquisição!!!

        Parabenizo o autor do blog pela iniciativa da argumentação!

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      • omeioeosi
        29 de dezembro de 2015

        Obrigado. Volte sempre.

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  44. silviacappuccelli
    17 de setembro de 2015

    crítica impecável! parabéns!

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    • omeioeosi
      17 de setembro de 2015

      Obrigado, Silvia! Volte sempre e espero que leia mais textos. Abs.

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  45. Vera rocha
    14 de setembro de 2015

    Gostei muito do seu texto. Uma amiga me falou sobre o prof. Leandro Randal e achei seu blog tentando ler sobre ele. Estou lendo um livro sobre Deus e Religiao que estou gostando bastante : god is not great.how religion poisons everything,Christopher Hitchens. Fico mais do seu lado,digamos assim,nas colocações que você fez.

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    • omeioeosi
      14 de setembro de 2015

      Obrigado, Vera. Gosto muito do Hitchens, adoro seus debates no YouTube. Ele foi um mentor para muita gente (faleceu recentemente, infelizmente). Outro livro que você pode ler é o “God Delusion’, do Richard Dawkins, talvez o livro sobre o tema que mais tenha me influenciado. Volte sempre! Abs, A.

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  46. Julião Oliveira
    27 de agosto de 2015

    Muito pertinente as suas colocações André. Acho que ciência e religião não se complementam, aliás, são excludentes pelos motivos que você bem colocou. O deus das lacunas cega, e paralisa a ciência, não prego a intolerância, mas, mentes brilhantes não podem ficar em cima do muro, isto pode perpetuar a escuridão da caverna.

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    • omeioeosi
      28 de agosto de 2015

      É por aí mesmo, Julião. Obrigado pela participação. Volte sempre!

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  47. Ana Rosa Menezes
    21 de agosto de 2015

    Muito estimulante a leitura do seu texto. Melhor ainda é deparar com o tom respeitoso da crítica. Nesses tempos de intolerância e ódio a posições divergentes, seu texto chega a ser um bálsamo. Ambos, Leandro e André merecem meu respeito. Procurarei ler mais de seus respectivos textos.

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    • omeioeosi
      21 de agosto de 2015

      Obrigado pelas palavras, Ana Rosa. Volte sempre e cadastre-se aqui no blog para receber novos posts. Um abraço, AA.

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  48. Renato Franco
    18 de agosto de 2015

    Obrigado pela resposta André, concordo com você sobre o tema religião e ciência existe um abismo importante entre religião e ciência, quem tenta realinhá-las esta demonstrando o que a ciência já descreveu como dissonância cognitiva-uma tentativa frustada de armonizar o absurdo – ao longo do tempo se tem perguntado o que é a VERDADE tema recorrente tanto na religião quanto na filosofia, eu não tenho mais dúvidas em relação a isto – A VERDADE é o que você encontra quando chega ao final da estrada que se chama realidade – qualquer um que tenha coragem e honestidade para percorrê-la a encontrara e isso lhe trara força, equilíbrio e um genuíno amor pela vida.

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  49. Renato Franco
    16 de agosto de 2015

    Ok, você mandou bem concordo com o que falou ,mas existe um pouco de subjetividade em alguns pontos colocados pelo professor sinalizando algumas simplificaçôes talvez pelo tempo da palestra é claro que ele tem consciência de alguns pontos colocados por você talvez dialogando e arrazoando num tete a tete com você ele se sairia bem melhor, uma coisa é uma palestra outra é um debate com direito à contestação.Apesar disso temos que concordar que ele é fora de série e temos o privilégio de te-lo entre nós,parabéns pelos comentários.

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    • omeioeosi
      17 de agosto de 2015

      Obrigado pelo comentário, Renato. Tive uma breve interação com o prof Leandro sobre este meu post, e minha impressão é simplesmente que nós “concordamos em discordar” dos pontos levantados. Mesmo assim você tem razão, acho que num bate papo com ele concordaríamos mais que discordaríamos. E, como deixo claro no texto, concordo sim que ele seja fora de série. Volte sempre! Abs.

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  50. Cauê Alexandre França
    2 de julho de 2015

    Olá,
    Estou deixando o comentário apenas para lhe dar os parabéns. Os textos acima foram muito bem escritos.
    O modo com expuseste a sua crítica foi muito interessante e ouso dizer ate mesmo corajoso, pois hoje em dia as pessoas se acanham em discordar dos outros, geralmente as pessoas fazem o que você disse no inicio da primeira crítica “trata-se mais de um esforço em não ofender ninguém do que uma análise objetiva”. A meu ver é isso que as pessoas costumam fazer, raramente se vê uma pessoa discordando 100%, principalmente quando a pessoa em questão e conhecida e apoiada por outros, como é o seu caso.
    Meus parabéns de novo e obrigado por me proporcionar este momento de reflexão.

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