Até meados da década de 90, se alguém dissesse que passava duas horas por dia em frente à televisão assistindo a séries americanas era provavelmente taxado de bitolado ou mesmo ignorante. De aproximadamente quinze anos para cá, no entanto, houve uma melhora tão significativa na oferta desse tipo de entretenimento, principalmente nos canais de TV a cabo, que tal conclusão hoje seria no mínimo precipitada. Uma quantidade enorme de séries de alta qualidade, com roteiros épicos e tramas originais, proliferaram a partir dos anos 2000.
O grande divisor de águas foi Sopranos (1999-2007) da HBO. Embora o público americano venha assistindo a séries desde a década de 50, em sua maioria elas eram de natureza humorística. Trata-se das clássicas sitcoms, como I Love Lucy, M.A.S.H., Cheers, Full House, Seinfeld e Friends. O principal intuito era fazer rir, não necessariamente produzir roteiros sofisticados ou envolventes. Houve exceções, como a surrealista Twin Peaks e o drama familiar Dallas. Mas Sopranos foi a primeira série com estética e complexidade cinematográficas. Embora tratasse de um tema já bastante explorado (máfia italiana nos EUA), abordou-o de forma tão original e com personagens tão ricos que abriu portas para toda uma nova geração de seguidores.
Para quem não conhece, o programa gira em torno da vida de Tony Soprano, o chefão de uma das famílias mafiosas de New Jersey. A perspectiva, no entanto, é totalmente única. Acompanhamos não apenas as tramas de gangster do protagonista, mas seus dilemas familiares, depressão, conversas com psiquiatra, casos amorosos, conflitos éticos e decisões pessoais. O mesmo nível de aprofundamento é dado também a outros personagens, tornando a série uma espécie de mistura de O Poderoso Chefão e Gente Como A Gente – mas com dezenas de horas de duração.
Depois de Sopranos surgiram outras séries excelentes, como The Wire, Dexter, Breaking Bad, Six Feet Under, Game of Thrones, entre muitas outras. Isso para citar apenas os dramas. Além de nos entreter com inteligência e qualidade, algumas nos oferecem a possibilidade de refletir sobre questões importantes, como a natureza humana, a morte, o tráfico de drogas, o equilíbrio do indivíduo na sociedade. Certas séries já merecem ser encaradas da mesma forma que um bom filme ou livro, sem o preconceito (em grande parte justificável) que carregamos contra a televisão provindo de antes da década de 90.
Foto: HBO.com
Disse tudo! The Sopranos é muito bom, principalmente na questão aprofundamento de personagens!
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Isso aí, Isabela! Obrigado por participar e nos seguir.
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Há séries fora de série…
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Acertou em poucas palavras!
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