O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

De três em três

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Recentemente aprendi que o subconsciente humano tem a tendência natural, como parte de seu mecanismo de defesa, a dar maior peso aos acontecimentos negativos. Por exemplo, em um certo dia, se a pessoa é exposta a diversas experiências positivas e apenas uma negativa, a última pode influenciar desproporcionalmente seu estado de espírito e humor. Como então lidar com um ambiente onde somos constantemente bombardeados de informações negativas, desde noticiários sobre mortes e guerras, até cenas tristes de pobreza e indigência, passando por problemas familiares, profissionais e afetivos?

Estive em uma palestra onde Shawn Achor, um filósofo e psicólogo da Universidade de Harvard, expôs metodologias para nos ajudar a minimizar o problema. Ofereceu uma lista de cinco práticas diárias, segundo ele comprovadas cientificamente, que gradualmente nos condicionam a apreciar mais os aspectos positivos de nossas vidas. Dessa forma, treinamos nosso subconsciente a dar mais importância ao que nos motiva e inspira e menos ao que nos restringe e carrega. Uma espécie de pequena “fórmula da felicidade”. Escutei, curioso, e ao chegar em casa resolvi testar uma delas para ver no que dava.

A que escolhi consistia na simples rotina de, ao fim de cada dia, pensar em três coisas que ocorreram nas últimas 24 horas pelas quais você de alguma forma sente-se grato. Às vezes a gratidão pode ser por acontecimentos relativamente triviais, como suas refeições, um dia de trabalho proveitoso, um papo agradável com um velho amigo ou um mergulho no mar. Outros dias, pode ser por um gesto carinhoso do seu filho, pela lembrança da boa saúde, ou alguma conquista profissional ou pessoal. O importante é não deixar passar um dia sequer sem de fato internalizar ao menos três acontecimentos ou informações positivas, que normalmente deixamos passar despercebidas em nossa rotina.

Após algumas semanas, é impressionante como pouco a pouco passamos a ter uma visão mais leve e positiva da vida. Nos sentimos menos suscetíveis às informações negativas e passamos a dar mais valor ao que temos e vivemos. Ademais, esse exercício torna-se uma ferramenta prática. Por exemplo, Achor contou que ensinou sua metodologia a altos executivos durante a crise financeira de 2008. Disse que a diretora de um banco, que perdera a maior parte dos seus investimentos e seu emprego devido a um erro que cometeu, chegou em casa no fim do dia abatida e derrotada. Apesar de devastada após o que havia sido o pior dia dos seus 25 anos de carreira, reuniu forças para praticar o exercício e, para sua surpresa, viu que mesmo naquele dia fatídico, havia conseguido pensar em três coisas positivas e pelas quais sentia-se grata. Isso, segundo ela, foi fundamental para que saísse do fundo do poço e seguisse reerguendo-se, um dia após o outro.

Certamente não existe mágica quando o assunto é felicidade. Mas aprender a valorizar o que se tem, nos momentos bons e ruins, é sem dúvida um passo importante na busca do equilíbrio com si próprio. Qualquer ajuda nesse sentido, principalmente oferecida de forma tão simples, é bem-vinda.

5 comentários em “De três em três

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  4. Rose
    17 de outubro de 2013

    Muito bom. Vou praticar.

    Curtir

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Publicado às 16 de outubro de 2013 por em FILOSOFIA & INDIVÍDUO e marcado , , , , .

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